Carros no Brasil tiram notas alarmantes em testes de colisão, revelando estruturas frágeis e falta de itens essenciais de segurança, enquanto montadoras priorizam lucro e conforto supérfluo

Publicado em 04/04/2025 às 23:58

Atualizado em 05/04/2025 às 00:01

Testes de colisão revelam que diversos carros no Brasil tiram nota zero em proteção, mesmo sendo vendidos uma vez que opções seguras e modernas

Os carros no Brasil são, em muitos casos, armadilhas com rodas. Modelos populares que circulam todos os dias nas ruas do país estão entre os piores avaliados em segurança na América Latina. Enquanto montadoras entregam veículos de elevado padrão na Europa, cá elas cortam custos, reduzem proteção e maximizam lucros, tudo dentro da lei.

O Citroën C3 2024 recebeu nota zero no teste de colisão do Latin NCAP. Zero. Um coche vendido uma vez que moderno, urbano e familiar, incapaz de garantir proteção mínima em um acidente a 64 km/h. Para quem acha que isso é uma exceção, a lista é longa: Ford Ka, Hyundai HB20, Fiat Argo, Renault Duster, Kia Sportage, todos com histórico de péssimas avaliações de segurança. Essas mesmas marcas oferecem os mesmos modelos, com cinco estrelas, em outros países. Só que não no Brasil.

A diferença entre o C3 vendido na Europa e o fabricado no Brasil é gritante. Lá, a chance de sobrevivência numa colisão frontal é de 85%. Cá, mal chega a 33%. Isso ocorre porque as versões vendidas no país são mais baratas de produzir, com menos itens de segurança, estruturas mais frágeis e tecnologias ausentes.

— ARTIGO CONTINUA ABAIXO —

Por que os carros no Brasil são mais perigosos

As montadoras afirmam que seguem todas as normas brasileiras. E é verdade. O problema é que essas normas estão anos-luz detrás do que já se pratica na Europa ou nos Estados Unidos. Até 2014, o Brasil ainda aceitava a fabricação de carros sem airbag ou freios ABS. Em 2024, só agora o controle eletrônico de firmeza se tornou obrigatório. Equipamentos que salvam vidas ainda são tratados uma vez que luxo por cá.

Segundo especialistas do setor automotivo, o Brasil é visto pelas montadoras uma vez que um mercado ideal para trinchar custos. A lógica é simples: onde a regulamentação é fraca e o consumidor não serpente, lucra-se mais. Dados da IHS Automotive mostram que a margem de lucro dos fabricantes no Brasil é 3,5 vezes maior do que nos Estados Unidos. Não por eficiência, mas porque cá se entrega menos pelo mesmo preço, ou até mais.

Segurança veicular ainda não é prioridade do brasiliano

É generalidade ver consumidores priorizando rodas de liga ligeiro, centrais multimídia ou acabamentos cromados na hora da compra. Poucos se preocupam com quantos airbags o coche tem, se há sistema de frenagem automática ou controle de firmeza. Um levantamento mostrou que, quando a Fiat e a Renault tentaram vender pacotes de segurança acessíveis, os consumidores preferiram gastar o mesmo valor em acessórios estéticos.

Entre 2020 e 2022, o Latin NCAP reprovou diversos carros vendidos no Brasil com nota zero. No mesmo período, o país registrou mais de 90 milénio mortes em acidentes de trânsito. Embora muitos desses casos estejam ligados a falhas humanas, a estrutura do veículo pode ser decisiva entre uma tragédia e uma sobrevivência. Estudos indicam que a chance de um ocupante sobreviver a um acidente é até 70% maior em um coche com quatro ou cinco estrelas.

A falsa sensação de proteção é outro risco dos carros no Brasil

Muitos acreditam estar seguros só por ter airbags. Mas não sabem que, em carros com estrutura frágil, o impacto é tão violento que o habitáculo se deforma e impede até o resgate das vítimas. O próprio Latin NCAP já alertou que em alguns modelos brasileiros a proteção infantil é tão ruim que sequer atinge 15% nos testes.

Uma minuta de solução publicada em 2022 promete tornar sistemas uma vez que a frenagem autônoma obrigatórios a partir de 2026. Mas desde portanto, nenhuma atualização foi divulgada. Se não for esquecida, a regra ainda levará mais três anos para inaugurar a valer, e cinco para se infligir a todos os modelos. Até lá, vidas continuarão sendo perdidas em carros que não seriam aprovados em países mais exigentes.

Mesmo diante das evidências, as fabricantes não mudam sua abordagem. Por fim, continuam vendendo muito. Segundo dados de mercado, modelos com nota zero de segurança figuram entre os mais vendidos do Brasil. E enquanto o consumidor não exigir mais, o padrão continuará o mesmo: veículos frágeis, inseguros e maquiados com luzes coloridas e telas sensíveis ao toque.

Source link

Scroll to Top