Grupo Cosan, liderado por Rubens Ometto, enfrenta crise posteriormente aposta bilionária na Vale, dívidas altas e atritos políticos.
Rubens Ometto, o varão por trás da Cosan, enfrenta uma crise sem precedentes. O nome Cosan tem grande peso no agronegócio, pujança e logística no Brasil. Oriente poderio bilionário, que começou com plantações de cana-de-açúcar no interno de São Paulo, expandiu seus negócios para ferrovias, distribuição de combustíveis e até brevemente para a mineração.
Com visão estratégica e ousadia, a empresa cresceu e se tornou uma gigante em setores essenciais. Porém, agora enfrenta uma tempestade financeira: dívidas astronômicas, ações que derreteram (no caso da Vale), conflitos com o governo e uma aposta bilionária que desmoronou.
Subida da Cosan: do açúcar ao conglomerado de pujança e logística
A história da Cosan começa com a família Ometto, imigrantes italianos que se estabeleceram na região de Piracicaba (SP) por volta de 1930, fundando usinas de açúcar. Por décadas, o grupo manteve-se poderoso no setor, mas com atuação regional. Isso mudou a partir dos anos 80, quando Rubens Ometto, neto dos fundadores, assumiu um papel de destaque. Ele transformou o grupo agrícola em um conglomerado gigantesco, abrindo capital na bolsa, profissionalizando a gestão e investindo em novas tecnologias, criando a holding Cosan.
Inicialmente centrada em açúcar e etanol, a Cosan expandiu para logística, infraestrutura, distribuição de combustíveis e gás proveniente. Seus negócios incluem a Moove (lubrificantes em mais de 40 países) e a Compass Gás e Vigor (distribuição de gás, reunindo Comgás, Compagas e Sulgás). A Cosan também administra a Radar (gestão de terras agrícolas com monitoramento via satélite) e controla a Rumo, uma das maiores operadoras ferroviárias do país. Um movimento crucial foi a geração da Raízen, uma joint venture com a Shell, que controla milhares de postos, produz açúcar, etanol e pujança, além de gerenciar a rede Shell Select.
A aposta bilionária na Vale: o erro que custou custoso a Rubens Ometto
Buscando sempre expandir, Rubens Ometto liderou a Cosan em uma jogada ousada: a compra de uma fatia relevante da mineradora Vale. Em meados de 2022, a holding Cosan desembolsou mais de R$ 20 bilhões para comprar até 6,5% das ações da Vale. A operação foi financiada por empréstimos bilionários de bancos uma vez que Itaú e Bradesco, com garantia em dividendos futuros de subsidiárias uma vez que Raízen e Compass.
A estratégia era clara: receber dividendos da Vale, lucrar influência na gestão e talvez indicar um CEO da moradia. No entanto, a jogada encontrou poderoso oposição do governo federalista, que também tinha interesse na gestão da Vale (privatizada, mas com influência estatal via fundos de pensão). No termo, nem a Cosan nem o governo conseguiram emplacar seus candidatos à presidência da Vale. Ometto ficou sem a influência desejada e com uma dívida colossal.
Para piorar, as ações da Vale despencaram devido à queda do preço do minério de ferro, desaceleração chinesa e custos dos desastres ambientais (Mariana e Brumadinho). As ações caíram de tapume de R$ 16 na estação da compra para R$ 8, o menor valor em cinco anos. Essa desvalorização, somada à subida dos juros que encareceu a dívida e à redução dos dividendos pagos pela Vale, colocou a Cosan em maus lençóis. Em 2023, pressionada, a Cosan teve que vender sua participação na Vale com prejuízo, deixando um buraco financeiro que ainda tenta entupir.
Raízen: a joia da grinalda também enfrenta turbulências
Enquanto a investida na Vale fracassava, a Raízen, um dos maiores ativos do grupo, também passava por dificuldades. Depois perfurar capital em 2021 com grandes promessas, a empresa enfrentou desafios. A oscilação dos preços do açúcar e do etanol, a concorrência com a gasolina (por vezes mais barata) e os altos investimentos em novas vegetalidade de etanol de segunda geração consumiram boa segmento do caixa. Aliás, a expansão da rede de lojas de conveniência Oxxo, em parceria com a Femsa, acumulou prejuízos iniciais, tornando-se um fardo suplementar.
A relação de Rubens Ometto com o poder político sempre foi uma manente. Ele transitou muito entre governos de diferentes espectros, negociando políticas para seus setores. Curiosamente, foi um dos primeiros empresários a se reunir com Lula posteriormente a posse, sinalizando simetria. A expectativa era de acordos favoráveis, já que a Cosan atua em setores regulados uma vez que combustíveis e gás.
Porém, atritos surgiram com discussões do governo sobre aumento de impostos, revisão de subsídios do etanol e novas taxações que poderiam impactar a Cosan. Ometto, apesar de ter bem financeiramente a campanha de Lula, começou a criticar publicamente a política fiscal. A disputa frustrada pelo comando da Vale também desgastou a relação com Brasília. O clima nos bastidores permanece tenso, pois a Cosan precisa de um bom relacionamento institucional, mas resiste a medidas que considera prejudiciais.