A indústria naval brasileira, que já foi motivo de orgulho pátrio e chegou a ocupar a segunda posição mundial em volume de produção, atravessa hoje uma de suas maiores crises. Em seguida anos de desenvolvimento impulsionado por políticas públicas e investimentos da Petrobras, o setor entrou em declínio, provocando demissões em volume, fechamento de estaleiros e perda de capacidade industrial.
A subida da indústria naval no Brasil
A história da indústria naval no Brasil remonta ao século XIX, mas foi entre as décadas de 1950 e 1970 que o setor viveu seu primeiro grande ciclo de expansão. Durante o governo militar, foram criados mecanismos de fomento porquê o Fundo da Marinha Mercante (FMM) e políticas de incentivo à construção de navios nacionais.
Nos anos 1970, o Brasil chegou a ser o segundo maior construtor de navios do mundo, detrás exclusivamente do Japão. Grandes estaleiros porquê Verolme, Ishikawajima (atual Ishibras) e Mauá impulsionaram a economia, gerando milhares de empregos diretos e indiretos.
O novo ciclo de desenvolvimento no século XXI
Em seguida um período de retração nos anos 1980 e 1990, a indústria naval brasileira experimentou uma novidade temporada de expansão a partir dos anos 2000. Com a invenção das reservas do pré-sal e a premência de ampliar a frota de escora offshore e transporte de petróleo, a Petrobras e a Transpetro lançaram grandes programas de encomendas navais, porquê o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef).
Esse movimento resultou na construção de novos estaleiros e na ampliação de unidades existentes, porquê o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, o Enseada Indústria Naval, na Bahia, e o Brasfels, no Rio de Janeiro.
Em seu auge, entre 2010 e 2014, a indústria naval empregava tapume de 80 milénio trabalhadores em todo o país e respondia por aproximadamente 1% do Resultado Interno Bruto (PIB) brasílico.
A crise que levou ao colapso
O ciclo virtuoso da indústria naval começou a ser interrompido a partir de 2014. A combinação de fatores econômicos, políticos e estruturais foi responsável pelo início da crise:
- Queda dos preços internacionais do petróleo, que reduziu a viabilidade de projetos offshore;
- Golpe de investimentos da Petrobras depois os escândalos revelados pela Operação Lava Jato;
- Endividamento excessivo dos estaleiros, que investiram pesado em infraestrutura esperando encomendas futuras;
- Paralisação da Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a construção de sondas do pré-sal, o que afetou diretamente vários estaleiros.
O impacto foi rápido e profundo. Dezenas de projetos foram cancelados ou suspensos, e os estaleiros começaram a suportar demissões em volume.
Demissões em volume e fechamento de estaleiros
Segundo dados do Sindicato Vernáculo da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), tapume de 60 milénio postos de trabalho foram eliminados entre 2015 e 2020.
O Estaleiro Atlântico Sul, que já empregou mais de 10 milénio pessoas, hoje opera com uma equipe reduzida. O Estaleiro Enseada suspendeu suas atividades em 2015 e mantém exclusivamente uma estrutura mínima de manutenção. O EISA (Estaleiro Ilhota S.A.), no Rio de Janeiro, também paralisou operações.
Atualmente, levantamento do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) aponta que, dos 48 estaleiros existentes no Brasil, 15 estão desativados ou sem contratos de construção ativa.
As demissões em volume afetaram não exclusivamente os operários, mas toda uma enxovia de fornecedores e prestadores de serviços, agravando a crise econômica em regiões dependentes da atividade naval, porquê Niterói (RJ), Itaguaí (RJ) e Ipojuca (PE).
Tentativas de retomada e obstáculos
Nos últimos anos, algumas iniciativas buscaram reanimar a indústria naval brasileira. A Petrobras, por exemplo, iniciou o processo de descomissionamento de plataformas antigas, o que pode gerar demanda para serviços de desmontagem e reciclagem de estruturas offshore.
Novas plataformas para produção no pré-sal, porquê as P-82 e P-83, foram contratadas, com segmento da construção sendo realizada no Brasil.
No entanto, o cenário ainda é reptador. Especialistas apontam que a retomada efetiva da indústria naval depende de:
- Garantia de encomendas públicas e privadas;
- Política industrial de longo prazo, para reduzir a sujeição de ciclos econômicos do petróleo;
- Incitamento à inovação tecnológica para competir no mercado internacional;
- Investimentos em energias renováveis offshore, porquê a construção de embarcações para parques eólicos marítimos.
O impacto da crise na economia sítio
A crise da indústria naval teve consequências profundas para as economias locais. Cidades que tinham sua base industrial ancorada nos estaleiros sofreram aumento do desemprego, queda na arrecadação de impostos e retração do transacção.
Em Niterói, por exemplo, estima-se que o fechamento de estaleiros tenha contribuído para a perda de aproximadamente 30% dos empregos industriais da cidade entre 2015 e 2020.
A situação levou prefeitos e governadores a cobrarem medidas de incentivo por segmento do governo federalista, com foco na reindustrialização da enxovia naval.
Novo PAC injeta recursos e acena para retomada da indústria naval
Em meio à crise que provocou demissões em volume e fechou vários estaleiros, o governo federalista aposta no Novo Programa de Aceleração do Incremento (PAC) porquê motor para reerguer a indústria naval brasileira.
Lançado em 2023 e reforçado em 2024, o Novo PAC destinou R$ 30,8 bilhões para mais de 430 projetos no setor naval. Esses investimentos abrangem a construção de novas embarcações, obras de modernização e reparo de unidades existentes, ampliação de estaleiros e implantação de novas infraestruturas portuárias.
Entre os principais destaques está a destinação de R$ 1 bilhão para a construção da terceira fragata do projeto Classe Tamandaré, voltado para fortalecer a capacidade da Marinha do Brasil. A iniciativa procura também estimular a retomada de empregos na indústria, reduzindo o impacto das demissões em volume observadas na última dezena.
Renovação de frota e escora do presidente
A Petrobras, por meio da Transpetro, integrou-se ao esforço renovando sua frota com a encomenda de quatro novos navios da classe handy, cada um ao dispêndio de US$ 69,5 milhões. Esses projetos, além de substanciar a logística do setor energético, garantem contratos para estaleiros nacionais e contribuem para a reversão da crise no setor.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu publicamente o fortalecimento da indústria naval, ressaltando a premência de utilizar teor sítio nas novas construções e priorizar a formação de mão de obra qualificada no país. Segundo ele, “um país que tem uma bela indústria naval se torna competitivo no transacção internacional”.
Complementando os esforços, a Solução CMN nº 5.189 ampliou o chegada a recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Com isso, tapume de R$ 18,5 bilhões estarão disponíveis em 2025 para financiar novos projetos sem onerar o orçamento do Ministério de Portos e Aeroportos.
Novas oportunidades: força eólica offshore
Uma das apostas para a diversificação da indústria naval brasileira é a construção de embarcações de escora para projetos de força eólica offshore.
Com o progressão da transição energética global, o Brasil possui potencial para instalação de parques eólicos marítimos, principalmente nas regiões Nordeste e Sul.
Para viabilizar essa novidade fronteira, será necessário modernizar os estaleiros, capacitar mão de obra e produzir mecanismos de financiamento específicos.
Apesar dos desafios, os projetos de força eólica offshore e o Novo PAC podem simbolizar uma oportunidade para reduzir os efeitos das demissões em volume e revitalizar a base industrial naval brasileira.
Manadeira: Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), SciELO, DefesaNet, Agência Brasil, Jornal Grande Bahia