Conflitos pelo mundo, uma vez que a guerra da Ucrânia e entre Israel e o Hamas, impactam diretamente uma vez que as empresas produzem e entregam seus produtos. Por isso, Julien Imbert, diretor do Boston Consulting Group (BCG), uma das maiores consultorias do mundo, afirma que as companhias precisam repensar as cadeias produtivas e monitorar riscos geopolíticos para não afetar a produção e distribuição.
“Tem que monitorar o risco geopolítico. Tem que ter, dentro da empresa, uma unidade que monitore isso para entender o que está acontecendo. Aliás, é preciso fabricar transparência na prisão, entender melhor seus fornecedores e os fornecedores dos seus fornecedores”, disse em entrevista à EXAME.
Segundo o perito, o padrão tradicional, que procura somente trinchar custos e ser eficiente, enfrenta desafios maiores devido a conflitos globais e eventos climáticos extremos, uma vez que guerras, secas e enchentes, que interrompem o fluxo de mercadorias.
Imbert diz que os choques recentes expuseram fragilidades estruturais em diversas indústrias, desde o setor automotivo até o agronegócio, e defende que empresas adotem ferramentas para monitorar riscos em tempo real.
“A gestão proativa é precípuo para evitar impactos severos, uma vez que interrupções de produção por falta de componentes críticos”, afirma.
O diretor cita o exemplo da Apple, que está diversificando sua produção com fornecedores fora da China, uma vez que na Índia.
“Essa movimentação visa reduzir vulnerabilidades em situações de risco político ou climatológico”, diz.
Veja a entrevista completa:
Uma vez que você avalia as mudanças nas cadeias globais nos últimos anos?
Nosso relatório destaca que o mundo está enfrentando uma fragmentação crescente, com maior suspicácia e encurtamento de cadeias de suprimentos. Fatores uma vez que guerras, mudanças tarifárias e crises climáticas aumentaram os riscos para as empresas, que precisam se harmonizar a essa novidade veras.
Uma vez que essas mudanças começaram a ser percebidas?
Esses temas já vinham sendo discutidos antes de eventos recentes, uma vez que guerras e a pandemia. A quebra das cadeias começou a surgir no período do COVID-19, mas a segurança geopolítica, que prevaleceu por décadas, já estava se deteriorando. Aliás, a segurança climática também mudou, trazendo impactos diretos para diversas indústrias.
Que tipo de impacto isso tem nas empresas?
Indústrias de bens estão entre as mais afetadas. No padrão tradicional, as cadeias de suprimentos eram otimizadas para dispêndio e eficiência, uma vez que o just-in-time. No entanto, esse sistema é frágil diante de mudanças abruptas. Um exemplo evidente foi a crise de semicondutores, que paralisou o setor automotivo. Outro exemplo, no Brasil, no setor automobilístico, tivemos fabricantes que ficaram parados porque dependiam de um único fornecedor para um componente específico do coche, uma vez que retrovisores. Era uma peça super barata, que não parecia sátira, mas, se o fornecedor para de entregar, você não consegue finalizar o coche. Sem retrovisor, o coche não pode ser vendido. Esse é o tipo de fragilidade que estamos vendo nas cadeias de suprimentos.
“E uma vez que as empresas podem mourejar com esse mundo de encurtamento de cadeias, nearshoring e todos os choques disponíveis?
Tem que monitorar o risco geopolítico. Tem que ter, dentro da empresa, uma unidade que monitore isso para entender o que está acontecendo. Aliás, é preciso fabricar transparência na prisão, entender melhor seus fornecedores e os fornecedores dos seus fornecedores. A crise dos semicondutores no setor automobilístico, por exemplo, poderia ter sido prevista há anos, porque já dava para ver sinais disso. As empresas precisam olhar mais profundamente para essas cadeias e ter mais perspicuidade sobre os riscos críticos.
A regionalização pode ser uma opção eficiente?
Sim, a regionalização é uma tendência em incremento. Fabricar tudo em um único lugar, uma vez que na China, era viável quando custos de transporte eram baixos e os riscos geopolíticos eram menores. Hoje, com tarifas, guerras e mudanças climáticas, faz mais sentido ter fábricas menores e mais próximas dos mercados consumidores. Isso também pode ser uma oportunidade para a reindustrialização em países uma vez que o Brasil.
Tem exemplos?
A Apple é um bom exemplo. Eles dependem muito da Foxconn, que fabrica quase todos os seus produtos. Nos últimos anos, a Apple e a Foxconn têm trabalhado para variar essa produção, que era quase toda concentrada na China. Agora, eles começaram a furar fábricas em outros lugares do mundo, uma vez que na Índia. Esse movimento é interessante porque reduz os riscos geopolíticos e climáticos, uma vez que os que mencionamos antes.
E quanto às políticas de Trump? Uma vez que elas influenciaram o transacção global?
O primeiro procuração de Trump mostrou que ele usou tarifas uma vez que arma política de negociação. Não necessariamente implementou tudo o que falou, mas demonstrou que o mundo pode ter mais barreiras tarifárias. Isso vai depender de cada setor. Para alguns setores, uma vez que o de aço nos Estados Unidos, pode ser uma oportunidade, pois protege a indústria lugar. Por outro lado, setores que dependem de aço mais barato podem ser prejudicados. O impacto varia de setor para setor, e as empresas precisam mapear isso, porque esses equilíbrios tarifários estão sempre evoluindo
Uma vez que as mudanças climáticas entram nesse cenário?
Elas têm dois impactos principais: no transporte e na produção. Por exemplo, a seca no Conduto do Panamá reduziu em 29% o fluxo de mercadorias nascente ano, afetando empresas que dependiam dessa rota. Já enchentes, uma vez que as no Rio Grande do Sul, paralisaram fábricas e dificultaram o escoamento de produtos agrícolas. Esses eventos estão cada vez mais frequentes e exigem atenção das empresas.
A tecnologia pode ajudar na gestão desses riscos?
Sem incerteza. No BCG, desenvolvemos ferramentas uma vez que o Supply Chain Risk Management Tool, que monitora riscos em fornecedores. Ela detecta sinais de problemas, uma vez que mudanças no padrão de faturamento, permitindo que as empresas ajam antes de serem impactadas.
É fundamental que as empresas incorporem a gestão de riscos em suas estratégias. Ignorar esses riscos ou ser somente reativo pode custar dispendioso, seja em receitas, lucros ou até na sobrevivência da própria empresa. A resiliência precisa ser uma prioridade.
Portanto, para finalizar, você acha que isso tem que virar prioridade das empresas, principalmente para aquelas que dependem de fornecedores e estão inseridas em cadeias globais?
O mundo está mais instável, e as empresas precisam estar preparadas para mudanças rápidas e imprevistos. Os eventos climáticos severos, uma vez que secas e enchentes, são cada vez mais frequentes, e as transformações geopolíticas, uma vez que guerras e mudanças nas regras comerciais, podem suceder de forma abrupta. As empresas não podem mais ser reativas; precisam incorporar a resiliência em suas estratégias, pois a falta de preparo pode custar dispendioso, tanto em termos financeiros quanto de sobrevivência.