Estado no Nordeste sofre com falta mão de obra no agro e na indústria
Mesmo oferecendo salários superiores a R$ 2 milénio e benefícios trabalhistas formais, empresas do agronegócio e da indústria no Nordeste enfrentam dificuldades crescentes para contratar mão de obra.
A situação se destaca no Ceará, mas se estende por outros estados da região, gerando preocupação entre empresários e entidades de classe.
O problema tem raízes complexas, que envolvem desde programas de assistência social até mudanças culturais e estruturais no mercado de trabalho.
Em cidades do sertão cearense, é generalidade ouvir nas rádios locais anúncios frequentes de vagas com carteira assinada —
mas a resposta dos trabalhadores é mínima ou inexistente.
Segundo produtores e industriais da região, uma segmento significativa da população economicamente ativa tem preposto permanecer fora do mercado formal de trabalho,
optando por programas de transferência de renda uma vez que o Bolsa Família.
A justificativa, segundo eles, é o receio de perder o favor assistencial ao ingressar em empregos com registro.
Carência de trabalhadores atinge até tarefas básicas no campo
Na zona rústico, o cenário é ainda mais crítico.
Conforme relatos de produtores do interno cearense, faltam trabalhadores para atividades básicas da rotina agropecuária,
uma vez que ordenha manual, limpeza de currais e manejo de rebanhos.
Em uma quinta localizada no Litoral Setentrião do Ceará, que cultiva coco e feijoeiro virente durante todo o ano,
mais de 20 vagas estão abertas na unidade de envase de chuva de coco,
uma operação industrial recém-implantada com tecnologia da Embrapa.
Apesar das condições formais e do apelo por candidaturas femininas, a resposta da população sítio tem sido negativa.
A falta de interesse tem sido atribuída, em segmento, ao conforto oferecido pelos benefícios sociais.
“O Bolsa Família é um instrumento importante de combate à pobreza,
mas precisa oferecer uma porta de saída.
Sem isso, corremos o risco de transformar a subordinação em uma escolha profissional”,
alerta um colono do Sertão Médio, que, mesmo com esforços recorrentes para atrair trabalhadores,
não consegue preencher as vagas disponíveis em sua propriedade.
Diferença regional evidencia contraste no mercado de trabalho
O problema, no entanto, não se repete com a mesma intensidade em outras regiões do país.
No Meio-Oeste, por exemplo, municípios com possante vocação agrícola — uma vez que os que produzem soja, milho e algodão —
têm conseguido manter altos níveis de empregabilidade, com salários competitivos e contratação formal garantida por carteira assinada.
Já no Ceará, mesmo com os direitos assegurados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
a escassez de profissionais é uma veras preocupante.
Um exemplo emblemático vem de Morada Novidade, onde um produtor de camarões — espargido uma vez que carcinicultor —
precisou recorrer ao próprio rebento e ao irmão para dar perenidade à produção,
diante da completa falta de interessados externos.
Indústria também enfrenta entraves para manter operações pro falta de mão de obra
A carência de profissionais qualificados não atinge unicamente o campo.
A indústria cearense também sofre com a baixa oferta de mão de obra técnica,
mesmo para posições com salários supra da média.
Ricard Pereira, empresário do setor metalúrgico e diretor da Indumetal,
relata dificuldades para encontrar operadores qualificados para máquinas recém-adquiridas.
“A mão de obra até existe, mas já está totalmente empregada.
Considero buscar profissionais no Sudeste para suprir essa demanda”, declarou.
Esse fenômeno vem se tornando um fator limitante para novos investimentos.
Segundo um agroindustrial da região, a indisponibilidade de trabalhadores faz com que muitos empreendedores pensem duas vezes antes de investir,
o que pode ter reflexos negativos para o incremento econômico do Nordeste.
Iniciativas tentam volver o cenário, mas desafios persistem
Diante do cenário alarmante, instituições ligadas ao setor agropecuário têm buscado soluções.
A Federação da Lavradio e Pecuária do Ceará (Faec), por meio do Serviço Pátrio de Aprendizagem Rústico (Senar),
tem apostado na capacitação de pequenos produtores e trabalhadores rurais,
inclusive com cursos voltados para a operação de drones — uma tecnologia cada vez mais presente no campo.
“A formação técnica é forçoso para integrar os jovens ao novo padrão do agronegócio,
que exige mais preparo e domínio de ferramentas digitais”, explica Amílcar Silveira, presidente da Faec.
Ainda assim, o repto súbito é volver a percepção de que o trabalho formal representa uma prenúncio aos benefícios sociais,
o que exige uma revisão das regras e maior pronunciação entre os programas de assistência e o mercado de trabalho.
Polêmica no Congresso agrava debate sobre produtividade
Enquanto o setor produtivo procura saídas, o Congresso Pátrio analisa uma proposta que pode afetar ainda mais a produtividade do país:
a redução da jornada semanal de trabalho de 44 para 40 horas.
A iniciativa acende alertas entre os empregadores, que já enfrentam dificuldades para manter suas operações em funcionamento.
“O Brasil parece, muitas vezes, penalizar quem trabalha e premia quem não produz”,
comentou um empresário em tom crítico, refletindo a frustração crescente do setor produtivo
diante das distorções percebidas na política econômica e trabalhista.
Possíveis caminhos para uma retomada equilibrada
Especialistas ouvidos por portais de economia e agronegócio apontam que,
além da revisão de critérios dos programas sociais,
é fundamental promover ações de valorização do trabalho rústico e industrial.
Isso inclui melhorar a infraestrutura nas áreas mais afastadas, oferecer transporte digno até as sedes das empresas
e intensificar campanhas de conscientização sobre os benefícios do trabalho formal.
A combinação entre incentivos fiscais para empregadores, políticas públicas de mobilização da mão de obra e atualização tecnológica
pode ser o caminho para volver o quadro preocupante que se desenha no Nordeste.
O impacto de longo prazo da falta de mão de obra
Se não houver uma mudança estrutural nesse cenário,
o Nordeste corre o risco de enfrentar uma desaceleração no desenvolvimento econômico.
A falta de trabalhadores poderá comprometer a produção agrícola e industrial, reduzir a competitividade regional e aumentar a subordinação de programas federais.
A médio e longo prazo, isso pode afetar toda a economia brasileira, já que o agronegócio nordestino tem papel relevante na balança mercantil e na segurança nutrir.
E você, acredita que é verosímil conciliar programas sociais com o incitação ao tarefa formal? Porquê resolver esse dilema no mercado de trabalho brasílio?
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